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O romance de Maria Madalena e Jesus

Escolhi esse que é o título de um livro que amo de paixão, do filósofo, teólogo e psicólogo transpessoal Jean Yves Leloup para ser a nossa inspiração nesse finalzinho de ano.

Tanto se fala de Maria Madalena, mas pouco sabemos da verdadeira história, pois os patriarcas da Igreja “acharam por bem” deixá-la soterrada pela imagem da prostituta pecadora. Não sou especialista no tema, mas o fato é que eu intuía já desde muito cedo que essa história que tentaram nos contar era uma falácia, era mais uma violação da história feminina para que não despertássemos o nosso poder e auto valor. Pergunta: por que será que tentaram exorcizar tanto a dimensão sexual para enaltecer o espírito? O que teria de tão poderoso nessa dimensão feminina que seria tão ameaçador para o poder patriarcal? Mulheres, precisamos descobrir juntas. E Maria Madalena é uma chave para nós.

O fato é que nos evangelhos apócrifos a história de Maria Madalena é bem outra. Esses evangelhos não estavam entre os que foram escolhidos para serem os oficiais, sabe por que? Porque continham as histórias e os saberem femininos. Você nunca se perguntou por que só sabemos sobre a história masculina? E nós? Aonde estávamos? Os mesmos patriarcas trataram de enaltecer o status da Virgem Maria (aspecto mãe) e quase não mencionar o papel fundamental das mulheres “comuns” (da comunidade) daquela época e mesmo seu papel na Igreja.

Sabe-se que Madalena era uma sacerdotisa da ordem de Ísis, onde eram passados, pelas Gran Sacerdotisas, todo o conhecimento sobre o “casamento sagrado”, a união do masculino e do feminino, a verdadeira alquimia, que era responsável por toda a vida e fertilidade nessa tradição. Essa união homem/mulher representada pela sabedoria dessa Maria (sabedoria = sophia) nascia do corpo e não do intelecto:

“(…) Sara tinha um dom muito especial para fazer Maria sonhar, sobretudo quando lhe falava dos procedimentos através dos quais ela poderia “divinizar” um homem: dir-se-ia que ela havia recebido essas informações e esses ensinamentos da própria deusa. É com gritos que os homens comandam as vacas e os cavalos; é com carícias que as mulheres comandam os homens; mas, antes de acariciá-los, há os óleos e os perfumes. Você deve envolver o homem com o odor de seu próprio corpo, fazer com que ele a respire antes de tocá-la, como um vento morno carregado de charnecas; seja como uma colina que se aproxima, como um verão… Que ele tenha o pressentimento de sua imensidão; o que ele poderá conhecer de você será tão pouco e, no entanto, ele encontrará aí uma terra firme rodeada de abismos.”

Esse trecho fala de como as sacerdotisas ensinavam às mulheres que chegavam ao Templo sobre as artes do amor, que em sua visão era capaz de transmutar qualquer mal, elevar as energias e se promover auto cura. E segundo a história desses evangelhos escondidos, Maria Madalena e Jesus eram um casal sagrado, viveram sua relação em corpo e espírito.

“O corpo é um mistério, e você é a guardiã e a revelação desse mistério. (…) O corpo é uma partitura a ser decifrada, uma música a ser ouvida, e você a ouve se a chamar.”

Por isso faço um apelo a nós: que nesse ano que chega, possamos redescobrir a potência do nosso corpo orgástico e deixemos a dor de lado, assim como as somatizações. Sejamos mais livres, mais inteiras para Ser. Encontremos dentro do Ser Mulher o prazer de sermos nós mesmas em nossa intensidade. Ser Mulher é honrar o ser cíclico que somos. É reencontrar os nossos prazeres. Maria Madalena sabia. Permitamos então que ela nos banhe e nos unja com seus sais e óleos sagrados. Que nos faça renascer. Porque precisamos.

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